sábado, 10 de setembro de 2011

1º Seminário interno - Afrosin



O grupo de pesquisas Afrosin - Afrosperspectivas, Saberes e Interseções - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ campus Nova Iguaçu, realizou, no dia 28 de junho de 2011, o 1º Seminário interno para apresentar alguns trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por pesquisadores de várias partes do Rio de Janeiro e do Brasil, tendo em comum a temática da Afrocentricidade.

Sendo essa a temática deste primeiro encontro, Afrocentricidade, o grupo, coordenado pelo professor adjunto da UFRRJ campus Nova Iguaçu, Renato Nogueira, expôs algumas questões que estão sendo debatidas atualmente, como a lei 10.639/2003, mas além de tratar de temas atuais, o Seminário também trouxe um olhar para o passado, apresentando pesquisas sobre a constituição da família escrava no Rio de Janeiro do século XIX e também como se davam as rebeliões escravas no período regencial.

O primeiro palestrante foi o professor da rede pública, Cristiano. O professor reiterou a importância da implementação efetiva da lei 10.639/2003 nas escolas, e vê a questão religiosa como uma grande barreira a ser superada quando se fala em ensinar cultura e história afro-brasileira nas escolas. Isso dificulta a aplicação da lei, já que a mesma, apesar de ter sido assinada há oito anos, ainda não é aplicada na grande maioria das escolas do Brasil.
Cristiano alertou que o educador precisa estar na sala de aula como profissional e deixar seus dogmas religiosos fora da escola, afinal, a escola é laica. E para refletirmos, o professor explicitou que a lei 10.639/2003 não versa sobre matriz religiosa, e sim histórico-cultural da África e dos afro-brasileiros. Logo, a religião pode ser um aporte e um aspecto que o professor pode utilizar em sala de aula, mas não pode ser o eixo central do assunto.

A apresentação seguinte trouxe a pedagoga e mestranda em Educação da Universidade Federal de São Carlos - UFSC, Tatiane Souza. Tatiane trouxe como temática a Educação de matriz africana, e, tecendo breves considerações sobre a diáspora africana, mostrou que antes da chegada dos europeus no continente africano, precisamos lembrar que os negros já tinham histórias, mas essas só passaram a ser contadas a partir do olhar do colonizador fazendo uso de uma ferramenta que ele domina(va)  muito bem, a escrita.
A pedagoga mostrou como é possível inserir um olhar afrocêntrico para as questões escolares e acadêmicas, já que, geralmente, nas escolas e universidades, estudamos autores brancos ou perspectivas eurocêntricas sob determinados assuntos, criando assim, no aluno, uma perspectiva única.







Seguimos as apresentações com a aluna do curso de História da UFRRJ campus Nova Iguaçu e integrante do PET/Conexões de Saberes Dialogando e interagindo com múltiplas realidades e saberes da Baixada Fluminense, Olívia Cascardo. A aluna falou sobre duas importantes Revoltas que ocorreram no século XIX: Revolta dos Malês que ocorreu na Bahia em 1835 e a Revolta de Carrancas que ocorreu em Minas Gerais em 1831.
Com estes dois movimentos desenvolvidos pelos escravos do Brasil, percebemos o quanto os escravos eram organizados e também o quanto estavam insatisfeitos com todas as situações que vivenciavam. E outro ponto importante, destacado pela aluna, é o fato de que as Revoltas eram impactantes, tendo em vista que os negros/escravos eram em grande número na sociedade. Através de pesquisas, a aluna comprovou, também, que muitos desses escravos sabiam ler e escrever, sendo que alguns deixaram livros escritos em árabe, pois em sua grande maioria eram mulçumanos. A Revolta de Carrancas, diferentemente dos Malês, foi violenta. Os escravos já ouviam burburinhos sobre a abolição na Inglaterra e então, eles passaram a reivindicar sua liberdade também, o que comprova que eles não eram alienados.

Seguindo as apresentações do Seminário, contamos com a apresentação da aluna, também do curso de História da UFRRJ campus Nova Iguaçu e integrante do PET/Conexões de Saberes Dialogando e interagindo com múltiplas realidades e saberes da Baixada Fluminense, Thamirez Muniz. A discente teceu considerações sobre a situação da família escrava no Rio de Janeiro, no século XIX.
Baseando-se em pesquisas realizadas, a aluna percebeu que, ao contrário do que falavam os colonizadores, os negros tinham famílias, laços afetivos, e que estas estavam suscetíveis a separar-se de acordo com a mudança do mercado. Entretanto, para os estudiosos Manolo Florentino e José Roberto Góes, a família escrava trazia "paz" para a vida do senhor, já que havia uma série de negociações que se davam entre escravo e senhor. Thamires complementou informando da falta de estudos feitos sobre a família escrava do século XIX, e os poucos estudos encontrados são baseados em um ponto de vista eurocêntrico.


Finalizando o 1º Seminário, tivemos a aluna Alice, trazendo à baila um tema de extrema importância atualmente, a ausência de brinquedos com estereótipos negros. Tendo como referencial teórico Michel Foucault, Alice chamou a atenção para a multiplicidade do mundo e de que forma a mídia pode ser uma grande aliada para divulgar as culturas diversas, já que no momento, ela faz justamente o contrário e trabalha de forma a manter o status quo da sociedade.





Referências



Livros:
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo. Editora Cortez, 2010.

Carter G. Woodson. A deseducação do negro







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