quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Um panorama da III Semana da Baixada



SEXTA, dia 10

Na sexta, dia 10 de outubro, foi dia que aquecer o IM para a III Semana da Baixada com uma Batalha de Rap no Circuito Facul: um sarau poético, com microfone aberto por duas horas para todo o público. O Esquenta do evento aconteceu de forma interativa, envolvendo os alunos que passavam pela a atividade e foi a preparação para toda arte que invadiria o Instituto Multidisciplinar durante a terceira edição da Semana da Baixada. A atividade também inaugurou a proposta de Semana de mostrar que o espaço dentro da universidade deve ser um espaço democrático, de múltiplos saberes, para além da academia.

Esquenta - Batalha de Rap


SEGUNDA, dia 13

A Roda de capoeira foi realizada pelo grupo Abadá Capoeira, na segunda-feira, no hall em frente à sala dos CAs e começou com poucos expectadores, mas aos poucos foi atraindo, com uma mistura de dança, jogo, acrobacias e luta que encantou os passantes. O público entrou na Roda para jogar capoeira e até sambar, para nossa surpresa, transformando a atividade. Embora a maioria tenha permanecido timidamente expectadora foi uma maneira interessante de abrir a semana. A atividade despertou o interesse do público que pediu que houvessem mais atividades como essa na Universidade. O grupo de capoeira levou o público, num cortejo, para o auditório e lá encerrou sua performance, dando boas-vindas ao grupo ao Grupo Luar de Dança, que se apresentaria a seguir com sua coreografia o Ar(voredo), de dança contemporânea. Após a performance demos início à cerimônia de abertura do evento, também no auditório, que contou com o hino nacional brasileiro ao melhor estilo Olodum. Em seguida tivemos a mesa Culturas, conhecimentos e saberes na Baixada Fluminense, o tema da mesa possibilitou um debate muito enriquecedor.



Roda de Capoeira






Mesa de Abertura



Mesa - Culturas, Conhecimentos e Saberes na Baixada Fluminense



TERÇA, dia 14

Na terça, pela manhã ocorreu a mesa Conversa Cantada, ouvimos as encantadoras histórias do cordelista Jota Rodrigues, que interrompeu seu discurso no meio quando soube que seu tempo de fala havia acabado, deixando os ouvintes curiosos com o final de história. Além do cordelista também compôs a mesa o professor Sérgio Fonseca, figura muito presente e querida pelo nosso grupo, e a professora Drª Fernanda Felisberto que apresentou um trabalho desenvolvido em sua turma de Literatura Brasileira, onde os alunos elaboraram um divertido cordel falando da realidade do nosso Instituto, inclusive a ilustradora da capa do cordel além de aluna da professora é atualmente petiana, a Beatriz Chaves. Seguindo a conversa cantada à tarde houve uma oficina de cordel com o palestrante da manhã, o cordelista Jota Rodrigues, que mostrou como produz seus cordéis: desde a produção manual das capas em xilogravura à elaboração dos textos. Concomitantemente acontecia a oficina com a editora Cartoneira, acompanhando a linha de produção literária, ministrada por componentes da editora, que também são alunos do Instituto. A atividade iniciou com a apresentação do grupo e da Semana da Baixada por petianos e ex-petianos para os alunos de ensino médio do município de Paracambi, contextualizando-os no evento em que estavam participando.  O professor Leandro Machado falou sobre as modalidades de acesso ao ensino superior, bolsas, pesquisas, maneiras de se manter dentro do da universidade e os alunos tiraram suas dúvidas. Após a conversa os oficineiros iniciaram suas atividades, orientando os alunos a produzir capas de livro usando papelão e tinta guache, deixando a arte fuir ao retratar paisagens e autores da Baixada como inspiração. O trabalho é uma continuidade do que eles já vêm desenvolvendo na escola periodicamente, como a produção de capas baseados em contos publicados pela ex-petiana Valeria Lourenço, na edição de cadernos negros. No final da tarde tivemos a intervenção cultural Baixada Rabisca onde todos aqueles que passavam eram convidados a se expressar através de suas próprias pinturas, deixando seu “rabisco” livre em um mural móvel. Fechando as atividades do dia a mesa Negros e culturas na Baixada abordou as importantes contribuições de João Cândido, João do Vale e Solano Trindade.

Mesa - Conversa Cantada


Oficina com a Editora Cartoneira

Intervenção cultural

Mesa - Negros e Culturas na Baixada Fluminense



QUARTA, dia 15

Na quarta, pela manhã, foi realizada a visita técnica á Reserva de Tinguá, uma visita guiada pela reserva biológica localizada em Tinguá no município de Nova Iguaçu. Os participantes puderam conhecer um pouco da história do município, passando pelo caminho do ouro. A atividade proporcionou uma aula de cidadania, cultura e meio ambiente, além de um belo banho de cachoeira, deixando uma sensação de que querer mais. À tarde, foi realizado o Expo Curtas Baixada, que contou com a exibição de curtas disponibilizados pelo Movimento Enraizados, que apresentam seus projetos com jovens da Baixada Fluminense – mais precisamente em Comendador Soares. Os curtas: O que é o amor? de Higor Cerqueira, morador do município de Caxias e diretor da Umbu Produções; Mães do Hip-hop, Organizado pelo Movimento Enraizados localizado em Comendador Soares, Nova Iguaçu; E 1 ano e 1 dia, que sob a Direção de Cacau Amaral, João Xavier, Rafael Costa Mostra  a comemoração dos moradores do acampamento 17 de Maio, na Baixada Fluminense, após 366 dias de ocupação do terreno, o que legalmente garantiu-lhes a posse da terra. À noite foi realizada, no hall dos CAs a conversa com os autores, que contou com a presença da  Prof.ª  Drª Valeria Rosito, do Professor, Poeta e Letrista Sérgio Fonseca e do Professor e Cineasta Eleazar Diniz. Com uma dinâmica mais informal, a Conversa foi de grande produtividade na medida em que possibilitou um diálogo mais próximo entre palestrantes e ouvintes. Ouvir sobre suas trajetórias e projetos, conhecer algumas de suas obras e os processos editoriais foi muito enriquecedor para os presentes. Concomitantemente ocorreu a mesa da Universidade das Quebradas - A educação como prática transformadora, composta dor Fabiana Silva e Rute Casoy. A proposta da mesa é mostrar como pode ser enriquecedor a interação entre o saber popular e academia através desse projeto de Extensão da UFRJ, a Universidade das Quebradas. A Professora Fabiana falou sobre um projeto que desenvolve um trabalho de letramento e leitura com crianças e adolescentes da comunidade Parque das Missões em Duque de Caxias. A poetisa e pesquisadora em educação Rute Casoy, falou de sua experiência com a produção de bonecas de pano e corte e costura com as moradoras do morro da Coroa, no Centro do Rio de Janeiro. Seu projeto permite que alunas criem livremente, sem parâmetros de feio ou bonito, certo ou errado, sem se prender a estereótipos, destacando que cada criação é única e expressa um pouco de cada artista.

Visita Técnica à Reserva de Tinguá

Conversa com autores


Mesa - Universidade das Quebradas - A educação como prática transformadora


QUINTA, dia 16

Iniciando a quinta-feira, tivemos a mesa Fazer e Produzir Culturas na Baixada, que contou com a participação de produtores da região: Dudu do Morro Agudo, do Movimento Enraizados; Fábio Mateus, do EncontrArte; Giordana Moreira, do Terreiro de Ideias; e mediando Claudina Oliveira, também do EncontrArte. Os palestrantes compartilharam suas respectivas histórias em produção cultural revelando como o caminho da valorização da cultura é difícil de se percorrer na região. Um dos empecilhos destacados é a equivocada ideia de que é preciso levar cultura para a Baixada, como se não fosse possível produzir aqui. De maneira geral, os palestrantes mostraram como a região tem possibilidades e é rica em cultura, o que falta é boa vontade dos governantes. À tarde ocorreu a mesa Conversa de Terreiro, com a Drª Conceição Correa das Chagas e Tata Anaguê que esclareceu e problematizou o ensino de cultura Africana e destacou a importância de se buscar tradições Bantu, sendo esta a cultura dos primeiros escravizados a desembarcar no Brasil e que é pouco conhecida e estudada. A mesa trouxe à tona a realidade da segregação no currículo escolar sobre a História e Cultura Afro-Brasileira, que leva a uma perda incomensurável a nossa formação e identidade nacional. Destaque importante para o diálogo sobre a Lei 10.639/03 que traz a legitimação do dever na transmissão desses conhecimentos históricos.  Simultaneamente aconteciam apresentações de trabalho, que se estenderam até a noite. No final da tarde ocorreu a oficina de pintura do grupo Arte em Movimento, com Vanderlaine Alencar, os participantes pintaram telas individuais a óleo com as técnicas ensinadas pela artista plástica, além de noções básicas de dimensão, proporção, luz e sombra.


Mesa - Fazer e Produzir Culturas na Baixada



Conversa de Terreiro



Apresentação de Trabalhos


Oficina de Artes Plásticas com Vanderlaine Alencar - Arte em Movimento


SEXTA, dia 17

Na sexta, as atividades começaram com uma oficina de grafite, realizada pelo projeto KBÇATIVA, onde os participantes aprenderam técnicas de grafite num painel de elaboração coletiva, em seguida os participantes puderam intervir mais livremente num banco do Instituto, que antes era da cor de cimento, dando mais vida à universidade. Todo o material fornecido para a oficina foi destinado ao projeto afim de colaborar com a reprodução de mais atividades como esta. À tarde, ocorreu a Oficina Quindim, cuscuz, acarajé e abará: a cultura e a culinária afro-brasileira em perspectiva, com o PET Produção Cultural do IFRJ. A oficina abordou cultura e história afro-brasileira através dos alimentos e do fazer culinário, desmistificando alguns mitos alimentícios - como o famoso de manga com leite fazer mal - e aproximando da contribuição do negro para nossa culinária. A oficina não poderia terminar de melhor maneira: saboreando os quitutes estudados. Para encerrar com chave de ouro, a semana, tivemos o Tributo ao compositor negro João do Vale. Contamos com a presença do neto do compositor João do Vale, que cantou suas músicas em homenagem ao seu avô e destacou a importância de seu avô em sua carreira. O neto do compositor também falou um pouco da história e da importância de João do Vale para a Baixada Fluminense. O tributo ao grande João do Vale foi um show à parte, trazendo para a nossa Universidade essa cultura negra e regional. No encerramento também foi realizada uma homenagem dos petianos ao tutor do grupo, por conta da semana do Mestre. Fechando a atividade foi servida uma farta sopa de ervilha.








TODA A SEMANA

Durante toda a semana fomos contemplados com quatro exposições. São elas: exposição e venda de artesanatos, livros e artes plásticas do grupo Arte em Movimento, composto por vários artistas da Baixada; exposição e venda de Livros e Autores da Baixada; Agricultura familiar, que nos contemplou com alimentos orgânicos; e Outras Baixadas, exposição de fotos digitais de diversos pontos da Baixada feitas por petianos e poemas de alunos da universidade e poetas da região, declamados por eles mesmos. As exposições somadas as outras atividades culturais que ocorreram durante a semana deram um colorido a mais ao campus promovendo a ambientação do evento e trazendo uma atmosfera de diversidade cultural ao IM.


Artesanato - Arte em Movimento




Artesanato - Arte em Movimento



Exposição de fotos digitais - Outras Baixadas

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Tivemos a presença de diversas pessoas incríveis que têm muito conhecimento para agregar às nossas vidas em diversos aspectos, mas tanto conhecimento não cabe apenas em uma semana. Dessa forma perfaz o incentivo para estarmos ainda mais ativos nos acontecimentos culturais, políticos, sociais, artísticos, filosóficos e científicos que possamos participar.

Encerramos a semana satisfeitos, embora saibamos que temos muito a melhorar nas próximas edições do evento. As atividades realizadas possibilitaram a troca de saberes e a vivência entre o saber acadêmico e não acadêmico. Os avanços e limites em cada frente de trabalho revelam o esforço individual e coletivo de todos que participaram na elaboração e desenvolvimento desta semana com espírito de colaboração. Agradecemos a todos os parceiros do grupo, ouvintes, amigos, parentes, petianos e eternos petianos que tornaram essa semana possível!


Colaboraram: Amanda Neres, Ariane Lopes, Beatriz Chaves, Caruanã Guatara, Cátia Regina, Daiane Andrade, Douglas Coelho, Jackson Cardoso, José Antônio, Marina Oliveira, Mayara Brito, Nydia Martins, Paloma Silveira, Stephanie Nunes, Thaynar Coelho, Thaís Bôto e Thaís Ramos.

Redação final: Stephanie Nunes


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