SEXTA, dia 10
Na sexta, dia 10 de outubro,
foi dia que aquecer o IM para a III Semana da Baixada com uma Batalha de Rap no
Circuito Facul: um sarau poético, com microfone aberto por duas horas para todo
o público. O Esquenta do evento aconteceu de forma interativa, envolvendo os
alunos que passavam pela a atividade e foi a preparação para toda arte que
invadiria o Instituto Multidisciplinar durante a terceira edição da Semana da
Baixada. A atividade também inaugurou a proposta de Semana de mostrar que o
espaço dentro da universidade deve ser um espaço democrático, de múltiplos
saberes, para além da academia.
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Esquenta - Batalha de Rap |
SEGUNDA, dia 13
A Roda de capoeira foi realizada
pelo grupo Abadá Capoeira, na segunda-feira, no hall em frente à sala
dos CAs e começou com poucos expectadores, mas aos poucos foi atraindo, com uma
mistura de dança, jogo, acrobacias e luta que encantou os passantes. O público
entrou na Roda para jogar capoeira e até sambar, para nossa surpresa,
transformando a atividade. Embora a maioria tenha permanecido timidamente
expectadora foi uma maneira interessante de abrir a semana. A atividade
despertou o interesse do público que pediu que houvessem mais atividades como
essa na Universidade. O grupo de capoeira levou o público, num cortejo, para o
auditório e lá encerrou sua performance, dando boas-vindas ao grupo ao Grupo
Luar de Dança, que se apresentaria a seguir com sua coreografia o Ar(voredo),
de dança contemporânea. Após
a performance demos início à cerimônia
de abertura do evento, também no auditório, que contou com o hino
nacional brasileiro ao melhor estilo Olodum. Em seguida tivemos a mesa Culturas, conhecimentos e saberes na Baixada Fluminense, o tema da mesa possibilitou um
debate muito enriquecedor.
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Roda de Capoeira |
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Mesa de Abertura |
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Mesa - Culturas, Conhecimentos e Saberes na Baixada Fluminense |
TERÇA, dia 14
Na terça, pela
manhã ocorreu a mesa Conversa Cantada,
ouvimos as encantadoras histórias do cordelista Jota Rodrigues, que interrompeu
seu discurso no meio quando soube que seu tempo de fala havia acabado, deixando
os ouvintes curiosos com o final de história. Além do cordelista também compôs
a mesa o professor Sérgio Fonseca, figura muito presente e querida pelo nosso
grupo, e a professora Drª Fernanda Felisberto que apresentou um trabalho
desenvolvido em sua turma de Literatura Brasileira, onde os alunos elaboraram
um divertido cordel falando da realidade do nosso Instituto, inclusive a
ilustradora da capa do cordel além de aluna da professora é atualmente petiana,
a Beatriz Chaves. Seguindo a conversa cantada à tarde houve uma oficina de cordel com o
palestrante da manhã, o cordelista Jota Rodrigues, que mostrou como produz seus
cordéis: desde a produção manual das capas em xilogravura à elaboração dos
textos. Concomitantemente acontecia a oficina
com a editora Cartoneira, acompanhando a linha de produção literária,
ministrada por componentes da editora, que também são alunos do Instituto. A
atividade iniciou com a apresentação do grupo e da Semana da Baixada por
petianos e ex-petianos para os alunos de ensino médio do município de
Paracambi, contextualizando-os no evento em que estavam participando. O professor Leandro Machado falou sobre as
modalidades de acesso ao ensino superior, bolsas, pesquisas, maneiras de se
manter dentro do da universidade e os alunos tiraram suas dúvidas. Após a
conversa os oficineiros iniciaram suas atividades, orientando os alunos a
produzir capas de livro usando papelão e tinta guache, deixando a arte fuir ao
retratar paisagens e autores da Baixada como inspiração. O trabalho é uma
continuidade do que eles já vêm desenvolvendo na escola periodicamente, como a
produção de capas baseados em contos publicados pela ex-petiana Valeria
Lourenço, na edição de cadernos negros. No final da tarde tivemos a intervenção
cultural Baixada Rabisca onde
todos aqueles que passavam eram convidados a se expressar através de suas
próprias pinturas, deixando seu “rabisco” livre em um mural móvel. Fechando as
atividades do dia a mesa Negros e culturas na Baixada abordou as importantes contribuições de João Cândido, João do
Vale e Solano Trindade.
Mesa - Conversa Cantada |
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Oficina com a Editora Cartoneira |
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Intervenção cultural |
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Mesa - Negros e Culturas na Baixada Fluminense |
QUARTA, dia 15
Na quarta,
pela manhã, foi realizada a visita
técnica á Reserva de Tinguá, uma visita guiada pela reserva biológica
localizada em Tinguá no município de Nova Iguaçu. Os participantes puderam
conhecer um pouco da história do município, passando pelo caminho do ouro. A
atividade proporcionou uma aula de cidadania, cultura e meio ambiente, além de
um belo banho de cachoeira, deixando uma sensação de que querer mais. À tarde,
foi realizado o Expo Curtas Baixada,
que contou com a exibição de curtas disponibilizados pelo Movimento Enraizados,
que apresentam seus projetos com jovens da Baixada Fluminense – mais
precisamente em Comendador Soares. Os curtas: O que é o amor? de Higor Cerqueira, morador do município de Caxias
e diretor da Umbu Produções; Mães do
Hip-hop, Organizado pelo Movimento Enraizados localizado em Comendador
Soares, Nova Iguaçu; E 1 ano e 1 dia,
que sob a Direção de Cacau Amaral, João Xavier, Rafael Costa
Mostra a comemoração dos moradores do
acampamento 17 de Maio, na Baixada Fluminense, após 366 dias de ocupação do
terreno, o que legalmente garantiu-lhes a posse da terra. À noite foi
realizada, no hall dos CAs a conversa
com os autores, que contou com a presença da Prof.ª
Drª Valeria Rosito, do Professor, Poeta e Letrista Sérgio Fonseca e do
Professor e Cineasta Eleazar Diniz. Com uma dinâmica mais informal, a Conversa
foi de grande produtividade na medida em que possibilitou um diálogo mais
próximo entre palestrantes e ouvintes. Ouvir sobre suas trajetórias e projetos,
conhecer algumas de suas obras e os processos editoriais foi muito enriquecedor
para os presentes. Concomitantemente ocorreu a mesa da Universidade das Quebradas - A educação como prática transformadora, composta dor Fabiana Silva
e Rute Casoy. A proposta da mesa é mostrar como pode ser enriquecedor a
interação entre o saber popular e academia através desse projeto de Extensão da
UFRJ, a Universidade das Quebradas. A Professora Fabiana falou sobre um projeto
que desenvolve um trabalho de letramento e leitura com crianças e adolescentes
da comunidade Parque das Missões em Duque de Caxias. A poetisa e pesquisadora
em educação Rute Casoy, falou de sua experiência com a produção de bonecas de
pano e corte e costura com as moradoras do morro da Coroa, no Centro do Rio de
Janeiro. Seu projeto permite que alunas criem livremente, sem parâmetros de
feio ou bonito, certo ou errado, sem se prender a estereótipos, destacando que
cada criação é única e expressa um pouco de cada artista.
Visita Técnica à Reserva de Tinguá |
Conversa com autores |
Mesa - Universidade das Quebradas - A educação como prática transformadora |
QUINTA, dia 16
Iniciando a quinta-feira,
tivemos a mesa Fazer e Produzir
Culturas na Baixada, que contou com a participação de produtores da
região: Dudu do Morro Agudo, do Movimento Enraizados; Fábio Mateus, do
EncontrArte; Giordana Moreira, do Terreiro de Ideias; e mediando Claudina
Oliveira, também do EncontrArte. Os palestrantes compartilharam suas respectivas
histórias em produção cultural revelando como o caminho da valorização da
cultura é difícil de se percorrer na região. Um dos empecilhos destacados é a
equivocada ideia de que é preciso levar cultura para a Baixada, como se não
fosse possível produzir aqui. De maneira geral, os palestrantes mostraram como
a região tem possibilidades e é rica em cultura, o que falta é boa vontade dos
governantes. À tarde ocorreu a mesa Conversa
de Terreiro, com a Drª Conceição Correa das Chagas e Tata Anaguê que
esclareceu e problematizou o ensino de cultura Africana e destacou a
importância de se buscar tradições Bantu, sendo esta a cultura dos primeiros
escravizados a desembarcar no Brasil e que é pouco conhecida e estudada. A mesa
trouxe à tona a realidade da segregação no currículo escolar sobre a História e
Cultura Afro-Brasileira, que leva a uma perda incomensurável a nossa formação e
identidade nacional. Destaque importante para o diálogo sobre a Lei 10.639/03
que traz a legitimação do dever na transmissão desses conhecimentos
históricos. Simultaneamente aconteciam apresentações de trabalho, que
se estenderam até a noite. No final da tarde ocorreu a oficina de pintura do grupo Arte em Movimento, com
Vanderlaine Alencar, os participantes pintaram telas individuais a óleo com as
técnicas ensinadas pela artista plástica, além de noções básicas de dimensão,
proporção, luz e sombra.
Mesa - Fazer e Produzir Culturas na Baixada |
Conversa de Terreiro |
Apresentação de Trabalhos |
Oficina de Artes Plásticas com Vanderlaine Alencar - Arte em Movimento |
SEXTA, dia 17
Na sexta, as
atividades começaram com uma oficina
de grafite, realizada pelo projeto KBÇATIVA, onde os participantes
aprenderam técnicas de grafite num painel de elaboração coletiva, em seguida os
participantes puderam intervir mais livremente num banco do Instituto, que
antes era da cor de cimento, dando mais vida à universidade. Todo o material
fornecido para a oficina foi destinado ao projeto afim de colaborar com a
reprodução de mais atividades como esta. À tarde, ocorreu a Oficina Quindim, cuscuz, acarajé e abará: a cultura e a culinária
afro-brasileira em perspectiva, com o PET Produção Cultural do IFRJ. A oficina abordou cultura e
história afro-brasileira através dos alimentos e do fazer culinário,
desmistificando alguns mitos alimentícios - como o famoso de manga com leite
fazer mal - e aproximando da contribuição do negro para nossa culinária. A
oficina não poderia terminar de melhor maneira: saboreando os quitutes
estudados. Para encerrar com chave de ouro, a semana, tivemos o Tributo ao compositor negro João do Vale.
Contamos com a presença do neto do compositor João do Vale, que cantou suas
músicas em homenagem ao seu avô e destacou a importância de seu avô em sua
carreira. O neto do compositor também falou um pouco da história e da
importância de João do Vale para a Baixada Fluminense. O tributo ao grande João
do Vale foi um show à parte, trazendo para a nossa Universidade essa cultura
negra e regional. No encerramento também foi realizada uma homenagem dos
petianos ao tutor do grupo, por conta da semana do Mestre. Fechando a atividade
foi servida uma farta sopa de ervilha.
TODA A SEMANA
Durante toda a
semana
fomos contemplados com quatro exposições. São elas: exposição e venda de artesanatos, livros e artes plásticas
do grupo Arte em Movimento,
composto por vários artistas da Baixada; exposição e venda de Livros e Autores da Baixada; Agricultura familiar, que nos
contemplou com alimentos orgânicos; e Outras
Baixadas, exposição de fotos digitais de diversos pontos da Baixada
feitas por petianos e poemas de alunos da universidade e poetas da região,
declamados por eles mesmos. As exposições somadas as outras atividades
culturais que ocorreram durante a semana deram um colorido a mais ao campus
promovendo a ambientação do evento e trazendo uma atmosfera de diversidade
cultural ao IM.
Artesanato - Arte em Movimento |
Artesanato - Arte em Movimento |
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Exposição de fotos digitais - Outras Baixadas |
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Tivemos a presença
de diversas pessoas incríveis que têm muito conhecimento para agregar às nossas
vidas em diversos aspectos, mas tanto conhecimento não cabe apenas em uma
semana. Dessa forma perfaz o incentivo para estarmos ainda mais ativos nos
acontecimentos culturais, políticos, sociais, artísticos, filosóficos e
científicos que possamos participar.
Encerramos a semana
satisfeitos, embora saibamos que temos muito a melhorar nas próximas edições do
evento. As atividades realizadas possibilitaram a troca de saberes e a vivência
entre o saber acadêmico e não acadêmico. Os avanços e limites em cada frente de
trabalho revelam o esforço individual e coletivo de todos que participaram na
elaboração e desenvolvimento desta semana com espírito de colaboração.
Agradecemos a todos os parceiros do grupo, ouvintes, amigos, parentes, petianos
e eternos petianos que tornaram essa semana possível!
Colaboraram: Amanda Neres, Ariane Lopes, Beatriz Chaves, Caruanã Guatara, Cátia Regina, Daiane Andrade, Douglas Coelho, Jackson Cardoso, José Antônio, Marina Oliveira, Mayara Brito, Nydia Martins, Paloma Silveira, Stephanie Nunes, Thaynar Coelho, Thaís Bôto e Thaís Ramos.
Redação final: Stephanie Nunes